E então ela colocou uma maquiagem forte, usou seu vestido chamativo, passou um batom, e saiu com suas amigas. Se divertia, como se nada a machucasse. Anotou em uma folha: ‘‘Parar de chorar.’’ Colou na porta do seu quarto, para todos os dias se lembrar disso. Vestia as suas melhores roupas, ela queria chamar a atenção. Tentava se distrair de todas as maneiras, conversava com suas amigas, escutava músicas agitadas, ficava sozinha a maior parte do seu dia. Não queria lembrar de coisas que a deixavam mal, e mesmo não estando bem, ela dizia estar. Ela não queria preocupar as pessoas ao seu redor, com os seus problemas, que ao ver dos outros, eram fúteis. Achavam que ela não precisava se importar tanto assim, - como se eles soubessem como certas coisas a machucavam. - Por isso ela preferia dizer estar bem. Pegava a sua maquiagem, passava uma sombra forte, lápis preto para disfarçar a olhar de choro. Se olhava no espelho, via o seu reflexo, e se achava tão insatisfeita. Mesmo assim, saia com suas amigas, conhecia novas pessoas, novos lugares, isso a fazia se esquecer por alguns instantes da sua velha rotina. Mas ela sabia que nada disso estava adiantando. Ela sabia que quando a noite caia, era o seu travesseiro que iria aguentar todas as suas lamentações. Todos os seus choros, e palavras de desespero. Passava a sua maquiagem forte, colocava o seu vestido, tentava cobrir o seu olhar, dava um sorriso para disfarçar, mas não estava dando para enganar a ninguém. Ela estava exausta, cansada, não fisicamente, mas estava cansada mentalmente.